VETINDEX

Periódicos Brasileiros em Medicina Veterinária e Zootecnia

p. 215-222

Diversidade genética interpopulacional no escorpião de importância médica Tityus obscurus (Scorpiones: Buthidae) do nordeste da Amazônia brasileira

Pardal, Pedro Pereira de OliveiraCoelho, Johne SouzaSilva, Joaquim Martins daAlmeida, Bruno Rafael RibeiroChalkidis, Hipócrates MenezesBorges, AdolfoIshikawa, Edna Aoba YassuiDiniz, Cristovam GuerreiroSantos-Neto, Guilherme da CruzMelo, Mauro André Damasceno de

O envenenamento por escorpiões é considerado um problema de saúde pública no Brasil. Um estudo recente descreve a variação do quadro clínico de envenenamento por Tityus obscurus em duas populações separadas por uma distância de 850 km no nordeste da Amazônia. O objetivo deste estudo foi avaliar se tais variações clínicas e toxicológicas estão associadas a diferenças subjacentes na diversidade genética entre essas duas populações de T. obscurus. Obtivemos DNA de cinco indivíduos de cada população nos municípios de Belém e Santarém, localizados a leste e oeste do estado do Pará, Brasil, respectivamente. Regiões gênicas que codificam marcadores de DNA mitocondrial (mtDNA) citocromo oxidase subunidade I (COI) e RNA ribossômico 16S (16S) foram amplificadas e sequenciadas. As análises filogenéticas foram realizadas por máxima verossimilhança (ML) e inferência Bayesiana (BA) para ambos os dados moleculares (COI e 16S). As populações de T. obscurus amostradas corresponderam a duas linhagens distintas de mtDNA (distância genética COI K2 P = 0,08 a 0,13; 16S K2 P = 0,10 a 0,11) sem mutações compartilhadas entre os grupos, e bem corroboradas por inferências ML e BA. Com base nos valores de divergência encontrados entre as populações oriental e ocidental (COI, 0,07 a 0,12; 16S, 0,10), nosso estudo confirma a heterogeneidade genética das populações de T. obscurus no estado do Pará. Os resultados são congruentes com as diferenças observadas no quadro clínico dos acidentes e toxicidade do veneno, e reforçam a necessidade de mapear a distribuição de haplótipos em toda a distribuição geográfica de T. obscurus, para auxiliar em futuros estudos epidemiológicos, toxinológicos e evolutivos.

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