Influência da administração de extratos de duas plantas calcinogênicas sobre a fertilidade de ratos
Mello, J.R.B.Langeloh, A.Habermehl, G.Krebs, H.C.Bastos, F.C.
Investigou-se o efeito de extratos aquosos de Solanum malacoxylon (Sendter) Solanaceae (SM) (sin.: S. glaucophyllum) e Nierembergia veitchii (Hook) Solanaceae (NV), plantas calcinogênicas encontradas no Brasil, sobre a reprodução de ratos e sobre suas progênies. No experimento 1, ratos e ratas Wistar, em número variável conforme o grupo, receberam por via oral, durante os 40 dias anteriores ao acasalamento, extrato aquoso de ambas as plantas em dosagem equivalente à administração diária de 10,9g×kg-1 de planta seca. Os resultados foram comparados com os de um grupo tratado diariamente com vitamina D3 (3,0mg×kg-1) e com os de um grupo-controle (salina). No experimento 2, ratas prenhes receberam, por via oral, três diferentes doses dos extratos de ambas as plantas (equivalente à administração diária de 5,4; 10,9 e 21,7g×kg-1 de planta seca), durante toda a gestação. Os resultados foram comparados com três grupos tratados com vitamina D3 (0,75; 2,25 e 3,75mg×kg-1) e um grupo-controle (salina). Quando administradas antes da gestação, o ganho de peso das fêmeas e a fertilidade foram reduzidos nos grupos tratados com SM (11%) e vitamina D3 (11%). No grupo tratado com NV, a fertilidade também foi reduzida (25%), mas o desenvolvimento ponderal durante o tratamento não foi afetado. Nos grupos tratados com SM e vitamina D3 anterior à gestação, o número de filhotes por ninhada foi reduzido, assim como o seu peso ao nascer. Características de desenvolvimento e desempenho físico dos filhotes não foram afetados em nenhum dos grupos. O tratamento das fêmeas com extrato aquoso de SM durante a gestação causou redução significativa e dose-dependente nas características reprodutivas estudadas. O mesmo foi observado com as fêmeas tratadas com vitamina D3. Com o extrato aquoso de NV não foram observadas reduções nas taxas reprodutivas, quando as fêmeas foram tratadas durante a gestação. Com as doses 10,9 e 21,7g×kg-1 de NV foram observadas anomalias morfológicas fetais (2,3 e 0,1%, respectivamente), também presentes nos filhotes de fêmeas tratadas com vitamina D3 (2,25mg×kg-1). A presença de vitamina D3 e seus metabólitos nas plantas calcinogênicas provavelmente é responsável pela infertilidade observada, não somente devido à toxicidade sistêmica, mas também devido aos seus efeitos específicos sobre o aparelho reprodutor.
Texto completo