Incidência de doenças oportunistas após a estratégia "tratar todos": coorte de 10 anos para HIV
Nascimento, R. OMinan, B. MDuarte, L. C. G. CPanjwani, C. M. B. R. GFerreira, S. M. SFrança, G. M
A terapia antirretroviral altamente ativa (HAART) melhorou a expectativa de vida das pessoas vivendo com HIV/aids (PVHA) e reduziu o desenvolvimento de doenças oportunistas, apoiando uma estratégia introduzida em 2014, que buscou potencializar a prevenção com tratamento precoce e para todos. Trata-se de um estudo de coorte retrospectivo e comparativo antes e após a implementação da estratégia "tratar todos", com base em dados primários e secundários, extraídos dos prontuários acompanhados no Serviço de Atenção Especializada entre 2009 e 2018 e de bancos de dados públicos. Dos 892 pacientes selecionados, 790 estavam ativos, 28 abandonaram o tratamento e 40 morreram, 92%, 3,3% e 4,7%, respectivamente. Cerca de 440 (51,2%) iniciaram o acompanhamento entre 2009 e 2013, antes da estratégia "tratar todos", e 417 (48,9%) iniciaram o acompanhamento após 2014, quando a recomendação nacional já era a estratégia "tratar todos". Foram contados 508 (58,2%) pacientes do sexo masculino, a média de idade foi de 33,5 anos na data de entrada, a maioria possuía um total de 8 a 11 anos de estudo (21,1%) e cerca de 6,5% dos pacientes eram analfabetos. As principais vias de transmissão do HIV foram a relação heterossexual (67,95%) e HSH (homem faz sexo com homem) (31%). A contagem média de células CD4 na apresentação foi de 392 células/mm3 e 23% dos participantes tinham uma contagem de CD4 inferior a 200 células/mm3. Níveis elevados de carga viral foram encontrados na entrada, com 30% tendo pelo menos 100.000 cópias/mL. Durante os dez anos de observação, houve 245 episódios de doenças oportunistas. As cinco doenças oportunistas mais comuns no período estudado foram tuberculose (28,6%), herpes zoster (23,3%), candidíase oral (15,5%), neurotoxoplasmose (11,4%) e pneumocistose (6,1%). Quarenta pacientes morreram durante o período do estudo, 4,7% do total. Houve redução das infecções oportunistas no segundo grupo do estudo, principalmente para candidíase oral (p = 0,03), bem como melhor resposta ao tratamento LogCV (1,28±1,97). Conclui-se que a estratégia de diagnóstico e tratamento tem demonstrado ao longo dos anos uma redução efetiva das infecções oportunistas.
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