Ameaça invisível: acidentes com animais peçonhentos na região Centro-Oeste do Brasil
Menezes, J. M. G.Guerra, H. S.
Resumo Este estudo descritivo, retrospectivo e quantitativo teve como objetivo descrever o perfil epidemiológico dos acidentes ocasionados por animais peçonhentos na Região Centro-Oeste do Brasil. Foram analisados dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e incluíram acidentes ocorridos entre 2013 e 2022. A coleta de dados foi realizada entre novembro de 2024 e janeiro de 2025. Utilizou-se estatística descritiva e regressão linear para análise das tendências temporais (R2=0,95). Um total de 133.550 casos foi registrado na região, com média anual de 13.355 casos. Goiás respondeu por 45,35% das ocorrências. A maioria dos casos ocorreu entre indivíduos de 20 a 39 anos (33,30%), seguido por aqueles de 40 a 59 anos (28,59%). O sexo masculino foi o mais acometido (57,54%), e a raça/cor predominante foi parda (49,65%). Quanto à escolaridade, a maioria possuía ensino fundamental incompleto (11,10%), seguida pelo ensino médio completo (10,52%). Em 51,08% dos casos, o atendimento médico ocorreu em até uma hora após o acidente. O pé foi o local anatômico mais afetado (25,74%). A maioria dos casos evoluiu para cura (88,96%), e apenas 0,2% resultaram em óbito. Os acidentes foram predominantemente causados por escorpiões (56,30%), seguidos por serpentes (22,21%), exceto no estado de Mato Grosso, onde essa tendência foi invertida. Os acidentes com animais peçonhentos apresentam tendência crescente na região, com maior impacto em adultos economicamente ativos do sexo masculino e baixa escolaridade. A maioria dos acidentes acometeram a região do pé, sendo provocado por escorpiões e evoluindo para cura. Ressalta-se a necessidade de ações específicas de prevenção e assistência direcionadas a esses grupos prioritários.
Texto completo