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Periódicos Brasileiros em Medicina Veterinária e Zootecnia

Diagnóstico e fatores de risco associados à infecção por Schistosoma mansoni em uma população de área endêmica do Nordeste do Brasil

Ramos, R. E. S.Bezerra, L. P.Lima, M. W. S.Silva, W. S.Nunes, L. K. S.Santos, E. D.Silva, Á. C.Oliveira, M. P.Carvalho, M. M. V.Gomes, S. C.Paz, W. S.Silva, L. O.Lima-Júnior, A. P.Feitosa, A. P. S.Alves, L. C.Santos, I. G. A.Brayner, F. A.

Resumo O Brasil é um dos países que a Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu como meta eliminar a esquistossomose como problema de saúde pública até 2030. No entanto, o cenário atual revela que 19 dos 26 estados brasileiros ainda são afetados pela doença. Este estudo teve como objetivo avaliar a taxa de positividade, a carga parasitária e os fatores de risco associados à infecção por Schistosoma mansoni na população, bem como identificar as potenciais áreas de risco de transmissão do parasito em um município do Nordeste do Brasil. Foi realizado um estudo transversal entre janeiro e outubro de 2023, no municipio de Feira Grande, Alagoas. Para determinar a positividade e a carga parasitária de infecções por S. mansoni, foi realizado o método coproparasitológico Kato-Katz, com a leitura de quatro lâminas por participante, além da aplicação de um questionário para identificar os fatores de risco. Também foram coletados hospedeiros intermediários e examinados quanto à sua infecção por trematódeos. A análise espacial foi usada para identificar áreas de risco, e a regressão logística univariada e multivariada avaliou a associação entre infecção e fatores de risco. A taxa geral de positividade foi de 5,5% (n=20), com 90% (n=18) dos indivíduos apresentando baixa carga parasitária. Na análise univariada, os preditores de infecção por S. mansoni foram idade entre 25 a 64 anos, estado civil (casado ou viúvo), ocupação como agricultor e uso de fontes de água como represas, lagoas, reservatórios, poços ou cisternas. Após o ajuste para fatores de confusão, apenas a ocupação como agricultor permaneceu associada a um maior risco de infecção. Das 22 coleções hídricas identificadas, 12 foram classificadas como locais de reprodução, e uma foi considerada como foco de transmissão com base na detecção de um espécime infectado de Biomphalaria glabrata. Foram identificadas quatro áreas de risco, duas das quais eram criadouros de Biomphalaria straminea, e uma era criadouro de B. glabrata. Apesar da baixa taxa de positividade, foram identificadas todas as condições necessárias para a manutenção do ciclo do parasito, associadas tanto ao comportamento populacional quanto à presença de criadouros e focos de transmissão. Nossos achados indicam que entender as características específicas das áreas endêmicas é crucial para o desenvolvimento de estratégias de prevenção e controle adaptadas a cada local.

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