Padrões ecológicos de Lissachatina fulica em um bioma sazonalmente seco: implicações para o controle
Patiño-Montoya, A.Tidon, R.
Resumo O caracol gigante africano (Lissachatina fulica), uma das espécies invasoras mais prejudiciais do mundo, já se espalhou por todos os estados brasileiros. No entanto, estudos populacionais em alguns biomas, como o Cerrado, ainda são escassos. Este estudo apresenta a primeira avaliação abrangente da distribuição, densidade, morfometria da concha e características reprodutivas de L. fulica no Distrito Federal. Entre 2021 e 2022, foram realizadas 25 expedições de campo, que resultaram na coleta de 5.242 indivíduos. A espécie foi encontrada predominantemente em áreas urbanas moderadamente perturbadas, com vegetação e acúmulo de matéria orgânica, estando ausente em zonas altamente urbanizadas, possivelmente devido às limitações climáticas ou à ausência de micro-hábitats adequados. As densidades populacionais foram geralmente baixas (<0,33 ind/m2), com quase metade dos indivíduos concentrados em três locais. O comprimento das conchas variou de 13 a 163 mm, com distribuição bimodal. A análise morfométrica revelou alometria negativa e alongamento precoce em comparação com outras regiões, sugerindo maturidade reprodutiva antecipada. Indivíduos grávidos, em sua maioria com 50-103 mm, foram registrados em 80% dos locais amostrados. O ciclo reprodutivo parece ser fortemente influenciado pela sazonalidade, com mais de 85% da precipitação anual ocorrendo entre novembro e abril — período que coincide com a retomada da atividade após a estivação. O número máximo de ovos por indivíduo (246) foi inferior ao relatado em outras regiões, possivelmente devido à janela reprodutiva mais curta. Esses resultados indicam que estratégias de controle direcionadas ainda são viáveis no Distrito Federal, com ênfase na coleta precoce, durante a estação chuvosa, e em áreas urbanas medianamente construídas.
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