Coinfecção por Sporothrix brasiliensis e Leishmania infantum em cão: um novo desafio clínico-epidemiológico de zoonoses negligenciadas
Colombo, Salene AngeliniPersichini, Jéssica Rabelo de OliveiraPinto, Natália dos AnjosLúcio, Márcia GomesBastos, Camila ValgasBicalho, Adriane Pimenta da Costa ValAzevedo, Maria Isabel de
RESUMO: A esporotricose e a leishmaniose visceral canina (LVC) são importantes zoonoses negligenciadas do ponto de vista da saúde pública. Aqui, relatamos o primeiro caso de coinfecção por Sporothrix brasiliensis e Leishmania infantum em um cão com histórico de lesão cutânea ulcerada não cicatrizante. Após um ano e quatro meses sendo atendido sem sucesso no diagnóstico e tratamento, o cão foi encaminhado a um hospital veterinário universitário e foi diagnosticado com esporotricose pela técnica de cultura fúngica, considerada padrão-ouro, e confirmou-se molecularmente a espécie envolvida, S. brasiliensis. Paralelamente, um suabe da lesão foi enviado para realização de PCR convencional e quantitativo para leishmaniose, sendo positivo para L. infantum. O tratamento específico para esporotricose foi iniciado com itraconazol. Além disso, foi preconizado o uso de um leishmaniostático e um imunomodulador considerando que o animal não apresentava um quadro clínico severo de leishmaniose. O tratamento para esporotricose não foi satisfatório e devido à condição de piora clínica do animal, somado ao longo processo para obtenção do diagnóstico preciso, o tutor optou pela eutanásia. Destacamos que dado o cenário epidemiológico dessas zoonoses, uma abordagem combinada de métodos diagnósticos que comprovem ambos os agentes patogênicos é essencial para cães com lesões dermatológicas sugestivas de LVC e esporotricose. O presente relato ainda demonstra que o encontro de um destes agentes não exclui a presença do outro, devendo os veterinários estarem atentos para aumentar as chances do diagnóstico correto e tratamento oportuno.
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