Prevalência e fatores de risco associados com infecção por Babesia bigemina em bovinos da raça Crioula Lageana
Casa, Mariana da SilvaVettori, Julio de Mattosde Souza, Ketriane MotaTodeschini, Paulo Ricardo BenettiMiletti, Luiz CláudioVogel, Carla Ivane GanzLima, André Luís FerreiraFonteque, Joandes Henrique
Resumo O objetivo deste estudo foi determinar a prevalência de infecção por Babesia bigemina e os fatores de risco associados em bovinos da raça Crioula Lageana, uma raça nativa brasileira, conhecida por sua resistência a carrapatos. Amostras de sangue foram coletadas de 311 bovinos registrados (62 machos e 249 fêmeas), provenientes de propriedades pertencentes a núcleos de conservação no estado de Santa Catarina, Brasil. As amostras foram submetidas à extração de DNA e à técnica de PCR aninhada, direcionada ao gene rap-1a para detecção de B. bigemina. Os animais foram categorizados por sexo, classe etária e presença de carrapatos no momento da coleta. Um questionário epidemiológico foi aplicado para avaliar potenciais fatores de risco. A prevalência geral de B. bigemina foi de 60% (186/311; IC 95%: 56,95%-62,67%). Os machos apresentaram taxas de infecção significativamente maiores (79%; 49/62) em comparação com as fêmeas (55%; 137/249; OR=3,36, p<0,001). Touros (81%; 26/32) e bezerros (78%; 56/72) exibiram maiores taxas de infecção do que vacas (50%; 70/141) e novilhas (52%; 34/66; p<0,001). A presença de carrapatos no momento da coleta aumentou a probabilidade de infecção (OR=2,00; p=0,006). O contato com outras espécies animais (OR=1,57; p=0,037) e o cuidado veterinário regular (OR=6,77; p=0,009) foram identificados como fatores de risco significativos. Os resultados indicam instabilidade enzoótica na população estudada, com padrões distintos de suscetibilidade baseados no sexo. Esses achados fornecem dados fundamentais para o desenvolvimento de estratégias de controle direcionadas para B. bigemina em programas de manejo e melhoramento genético da raça Crioula Lageana.
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