Helmintos de interesse para a saúde pública na superfície externa de Diptera (Insecta) em Feira de Santana e Salvador, BA
Araújo, Lyokelly PinhoNovais, Michelly Thainá Neves Cardoso SantosBorges, Jadson NascimentoFerreira, Kathleen de AlmeidaLima, Edlla Virginia RiosCorreia, Joelande EsquivelSilva, Aristeu Vieira da
Insetos da ordem Diptera são frequentemente associados a condições de baixa qualidade sanitária, depósitos de lixo e valas de esgotamento sanitário, condições estas em que podem ter contato com estágios de parasitos de interesse em saúde, e então carrear os mesmos em sua superfície corporal, favorecendo a disseminação destes agentes. O objetivo deste estudo foi detectar a presença de helmintos e protozoários na superfície de dípteros muscoides sinantrópicos coletados em Feira de Santana e Salvador, Bahia, Brasil, e avaliar se o local de coleta e as variáveis climáticas influenciam a frequência das famílias de dípteros e a recuperação de estágios parasitários. A coleta das moscas se deu no período de maio de 2012 a agosto de 2014 numa escola pública e num campus universitário em Feira de Santana e num parque com intensa cobertura vegetal em Salvador. Nestes locais foram instaladas armadilhas num total de 15 coletas. Após 48 horas da montagem das armadilhas, o conteúdo foi levado ao laboratório para exame parasitológico. As moscas foram armazenadas individualmente em tubos de ensaio contendo 5 mL de água destilada, agitadas por dois minutos e retiradas. Os lavados das superfícies externas foram centrifugados a 1650 g por cinco minutos, eliminando-se o sobrenadante. Para o exame e identificação dos organismos, 50 µL do sedimento foi observado em microscópio óptico entre lâmina e lamínula, em duplicata. Durante o período de estudo foram capturados 778 exemplares de dípteros para análise, sendo mais frequente Muscidae (60,6%; IC95%: ), Fanniidae (20,7%; IC95%:), Calliphoridae (10,3%; IC95%:) e Sarcophagidae (8,3%; IC95%:). Dos 778 lavados, 15 (1,9%; IC95%:) foram positivos ao exame parasitológico, encontrando ovos de Ascaris spp. (7; 26,67%), Schistosoma spp. (5; 20,00%), Taenia spp. (1; 6,67%), Enterobius spp. (1; 6,67%), Strongyloides spp. (1; 6,67%), Trichuris spp (1; 6,67%). e larvas de ancilostomídeos (2; 13,33%). Não houve associação entre as famílias de Diptera e o resultado do exame parasitológico, nem correlação entre temperatura, umidade e índice pluviométrico e a abundância relativa das famílias de moscas. Entretanto, 60% do resultado do exame parasitológico foi influenciado pelas variáveis climáticas, com significância para o índice pluviométrico, que variou entre 0,40 a 29,0 mm nas coletas com moscas carreando parasitos, apontando a participação deste fator na sobrevivência dos ovos de helmintos, bem como na fixação na superfície externa das moscas sinantrópicas seguida da dispersão destes parasitos para outros substratos. O estudo revelou que as famílias Sarcophagidae, Fanniidae e Calliphoridae são vetores mecânicos de parasitos humanos e de outros animais nas áreas estudadas, o que revela a importância do controle destes vetores, o que minimizará os fatores de risco de infecções.
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